Baleal

" No Baleal tinham sido construídas já no século XIII umas casas de morada para instalar os baleeiros que daí saíam na perseguição dos cetáceos. O grande interessado e, sem dúvida, aquele que mais lucrava com a actividade, era o rei. Por isso, mandara fazer as casas cuja renda cobrava contudo aos baleeiros e dirigia tenazmente todo o processo de angariação de efectivos, bem como da comercialização dos produtos obtidos das baleias caçadas. "

(SILVA, Manuela Santos " A região de Óbidos na época Medieval", Colecção: P.H. estudos e Documentos, Dezembro de 1994, p.p 48, 49)

Segundo a autora, à época era difícil que as pessoas se fixassem voluntariamente no Baleal, pois os baleeiros tinham de pagar renda ao rei pelas casas que este mandara construir. Por isso, só lá iam esporadicamente para cumprir o serviço régio da caça à baleia.

Que distante está a actividade da baleação, bem como a dificuldade de se fixarem pessoas na região.

Actualmente é bem o contrário...

Acordar ao sol ou ao nevoeiro das manhãs no Baleal, é sentir a febre palpitante dos surfistas e pranchas, é ouvir o ardor fumegante das viaturas apinhadas ao desgaste por ruas, dunas e passeios, é esperar em vão por um lugar ao sol onde se possa sentir o silêncio e sonhar com os ritmos da vida que espera....

Contudo, tem um mar ocasionalmente (ou sempre) frio, fonte pura, esverdeada, quase calma, onde se banham corpos quentes e adormecidos pelo sol, que assiduamente sentem os apelos e saudades do mar...

A paisagem, onde o olhar se espraia e os passos se embalam nos ângulos das esquinas, arribas e fragas completam o quadro dum Baleal deixado à própria sorte, ou aos deslumbramentos suados da modernidade ...

... e na praia entre o céu que me parece perto e o mar que treme ao longe, abro as mãos dançantes e entre esperas e sonhos, ao de leve esboço linhas tocadas pelo olhar ....