Bolo de espinafres em traços doces

Numa manhã chuvosa desta Primavera, firmando a promessa (comigo mesma) de desenhar assiduamente e vendo-me impedida pela tristeza e temperatura invernosa do mundo húmido lá fora, tracei aquela que seria a sobremesa do jantar.

Do frigorífico retirei os ingredientes necessários para o "bolo de espinafres" que pesquisei na internet. Na mesa "armei" o cenário. A lápis (mais ou menos cego) e depois a tinta, risquei a história da receita. Entre sombra e claridade, compus a mesa e combinei as aguadas lentas das cores. Eis o resultado:

Após a mistura homogénea dos ingredientes, crescendo 45 minutos a 170º, observo o verde denso das fatias e em frente ao fumo arredondado dum café, saboreio sozinha uma fatia. Com doce gosto a limão, o restante vai repousar até ao jantar, traçando a surpresa, o arrepio de paladar e o "torcer de nariz" da partilha familiar. De mim e para mim, gostei de desenhar na calma serena do lar e amei a ousadia de vestir uma "nova camisola" a um bolo que rompe o olhar e a tradição. E o mundo agita-se e recria-se nos momentos doces desse dia frio e tempestuoso que encontrei em Abril...