Chafariz
- Ana Ramos
- 26 de mar. de 2018
- 2 min de leitura
Atualizado: 7 de mai. de 2018
No passado dia 22 de Março foi dia Mundial da Água. Bem precioso que abraça e beija paisagens, renova e revigora florestas, jardins e hortas, dá saúde a veias e sangue, une em força rios e mares, rega em abundância festas e corações, está “ em vias de extinção “ pelas razões por todos sobejamente conhecidas.
Em todas as localidades havia em séculos passados, não tão antigos assim, fontes e chafarizes públicos, onde animais e gentes se abasteciam e matavam a sede. Hoje, já muito raramente cumprem este dever, mas fixando-lhes o olhar, é possível descobrir-lhes o próprio rasto e os segredos que trazem consigo.
Na Lourinhã, ali mesmo no remate da Rua João Luís de Moura (Rua Grande), onde esta se encontra com a Rua Machado Santos (a da capela de São Sebastião), repousam as pedras silenciosas de um Chafariz Público de espaldar, mandado construir pela Câmara Municipal por Decreto de 2 de Julho de 1874.
Ah quantas histórias encerrará este chafariz que agora dorme sozinho na solidão do dia inteiro…. Erigido em 1874 no Largo da Câmara, onde se manteve até 1930 aproximadamente, dali rumou ao largo traseiro da Igreja do Convento de Santo António (encostado ao desaparecido Matadouro Municipal), até que, não havendo mais água que fale e grite, se viu desterrado ao deserto onde agora se encontra, num largo luminoso mas sem vida.
Não sabemos se a pedra de armas ali esculpida serviu para representar a actual heráldica do concelho, juntamente com outras (no museu e no pórtico da antiga câmara) mas estamos em crer que sim, pelo elemento vegetalista que incorpora.
No estio do lugar que ocupa, onde água não jorra e onde não chegam risos e faces coradas, há que gritar aos olhos do mundo para deixarem o chafariz conquistar o seu espaço (este ou outro), "(re)acordadando" o seu destino, que embora em parte perdido, respirará a brisa das gentes que passam.


Dados históricos: CIPRIANO, Rui Marques, "Vamos Falar da Lourinhã", C.M.L., 2001, pagina 58
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