O folar...
- Ana Ramos
- 3 de abr. de 2018
- 2 min de leitura
Atualizado: 3 de nov. de 2018
Há uns anos comprei numa qualquer Feira do Livro (não me lembro), um livro que me chamou a atenção, não só pelo preço (em saldo 3 Euros), como pelo título “Meninos, para a mesa!”. Trata-se de um livro de receitas com rima para crianças, da autoria de José Jorge Letria (Garrido Editores/2001) e é muito interessante, pois permite conhecer algumas tradições gastronómicas portuguesas “à luz” da métrica e ressonância poética.
Curiosamente, ao desfolhar o livro, mergulho nos versos de “O Folar”, iguaria muito própria desta época (a Páscoa) em algumas zonas do país, logo após ter saboreado uma fatia do dito, ainda morno, que há pouco me vieram ofertar.
“Rezam” assim alguns versos:
Fica a Páscoa imcompleta
sem a presença do folar
que dá um gosto português
ao modo de a festejar
Há quem prefira as amêndoas
os ovos de chocolate
mas, para mim, pesando tudo
não pode haver empate
O folar é cá dos nossos
e tem cativo o seu lugar
com canela e erva doce
e fermento para aumentar
(…)
Pode ser doce ou salgado
na ementa nacional;
quando se fala em folar
também se falar em Portugal.
E completa-se a “ementa” na página 49 do referido livro, com a receita do Folar:
50 grs de farinha
30 ou 40 grs de fermento de padeiro
½ dl de leite morno
1 pitada de sal
100 grs de açucar
75 grs de margarina
2 ovos crus
Raspa de uma laranja
1 colher café de canela
½ cálice de brandy
4 ovos cozidos
Ovo batido para pincelar
Os ingredientes são-nos dados, mas da confecção “ não reza a história”. Por isso, é pôr mãos à massa, dar asas à imaginação e esperar que saia doce, cozido e macio.
Então, mais tarde, ao gosto de um café ou de um chá, há que apreciar o gosto amarelado das fatias e celebrar o acontecimento de se ter feito um folar, sendo poupada (o) ao seu modo de confecção (ah ah ah).
E hajam sorrisos e alegria!

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